ELA MAR E EU PISCINA



    Deito-me e o barulho do mar incendeia meu espirito. Eu preciso disso, preciso me permitir sentir. Abro os olhos com dificuldade, o sol está forte e o céu azul ao meu redor me faz ter esperança no amanhã. Assim como as ondas do mar, tudo que não me pertence, vai embora. Queria que ela estivesse deitada do meu lado, com seus óculos escuros enormes e seu biquíni minusculo. Me infernizaria para passar protetor solar, reclamaria do meu silencio exigindo que curtisse mais e me daria um tapa toda vez que  ameaça-se olhar para outra mulher que passasse por nós. E assim como o mar, me fazia ver que ainda existe muita coisa para ser descoberta e que a vida é tão incerta, mas nada é em vão. Você pode ter algo e amanhã não ter mais, por isso devemos viver o hoje. 

    Sinto a areia fundir a minha pele e cravo minhas mãos no chão, trazendo-me uma sensação de infância. E como seria bonito ver as nossas crianças brincando neste lugar. Correndo pra lá e pra cá. Afasto esse pensamento, não me cabe assumir o papel do que poderíamos ter sido, não posso lamentar por isso, sendo que tenho parcela de culpa. Ela sempre foi mar e eu piscina. Mas ainda assim, seria bom saber o que poderíamos ter construído juntos. Fecho os meus olhos, sentindo minha pele queimar. 

Esqueci o protetor solar.



Milena Oliveira / Tráfico de Conselhos. 

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